sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Lituânia acaba com a era nuclear, mas inicia outra era: A da dependência energética

da Folha Online

Vilnus - A Lituânia encerrou nesta quinta-feira as atividades de uma usina elétrica nuclear da era soviética, como parte de um acordo com a União Europeia, inaugurando um novo período para o país: o de dependência de energia para o pequeno país do Báltico.

O encerramento foi recebido com angústia na Lituânia, atingida pela crise econômica e obrigada, agora a importar energia. O fechamento da usina de Ignalina, a única central nuclear do país, terá como efeito imediato a alta nos preços da eletricidade na Lituânia, que pode chegar a um terço de acréscimo para os consumidores, e o aumento da dependência energética.

O desligamento foi encomendado pela UE,aonde pelas regulamentações usinas do mesmo tipo que de Chernobyl --aquela que provocou uma catástrofe na Ucrânia nos anos 80-- são consideradas inseguras devido a falhas irreparáveis de projeto.

A usina deixou de produzir eletricidade uma hora antes da meia-noite local, de acordo com o cronograma.

"Às 23h00 local, tudo parou por aqui, como estava previsto", declarou o diretor da usina, Viktor Sevaldin, por telefone. O reator RBMK tinha uma capacidade de 1.320 megawatts, um dos maiores reatores nucleares no mundo.

O primeiro reator da usina havia sido desligado em 2004, ano em que a Lituânia aderiu à UE.

A Lituânia era um dos países mais dependentes da energia nuclear, junto com a França. No ano passado, o governo tentou convencer a UE a manter a usina aberta por mais dois ou três anos, mas Bruxelas recusou.

A usina fornecia mais de 70% da eletricidade da Lituânia, que vai cobrir o deficit no fornecimento comprando energia dos vizinhos:Estônia, Belarus, Rússia e da Ucrânia.

Em 2013, a Lituânia pretende construir uma nova usina a gás natural, mas isso não deve ser suficiente para satisfazer as suas necessidades de energia.

Analistas dizem que o fechamento da usina poderia reduzir o crescimento do produto interno bruto em 1 ou 1,5 ponto percentual e adicionar um ponto percentual à inflação.

"Estamos mantendo a nossa palavra aos nossos parceiros europeus", disse o ministro da Energia Arvydas Sekmokas durante uma visita à fábrica nesta quinta-feira.

Em abril de 1986, uma versão anterior e menor do reator RBMK explodiu em Chernobyl, na Ucrânia, lançando uma nuvem sobre uma vasta região do leste Europeu, no que é considerado até hoje o pior do acidente nuclear civil da história.

Mas os lituanos sentiam orgulho da usina, que, segundo eles era confiável depois que centenas de milhões de euros foram investidos em segurança e atualizações.

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