terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Se a Rússia fosse banida dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018,as consequências seriam as seguintes:

Sóchi durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 - Os donos da casa,colocaram uma sombra sobre a sua festa.Wikipédia

Ao evitar o banimento dos atletas russos,o Comitê Olímpico Internacional poderia ter causado consequências em praticamente todos os os esportes,mas talvez os resultados para aquilo que era mais importante teria consequências imprevisiveis: As medalhas.

A decisão de banir o Comitê Olímpico Nacional da Rússia e seus seus membros,mas não os atletas foi de sã consciência pois o nível técnico do evento será mantido

Caso, se o banimento tivesse sido confirmado devido aos casos de doping nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 forem cruciais a exclusão do seu Comitê Olímpico Nacional para os Jogos que começam daqui a 2 meses. Todos os argumentos do governo russo iriam por “água abaixo” causando imediatamente uma queda de importância do torneio masculino de hóquei no gelo e também das competições de patinação artística.
O time russo, já está banido dos Jogos Paralímpicos de Inverno de 2018.Sendo que a decisão foi tomada pela entidade em 2016, algumas semanas antes da abertura dos Jogos Paralímpicos do Rio.

O site GraceNote Sports, que faz uma previsão virtual do quadro de medalhas com base em resultados recentes das provas olímpicas, está prevendo que a Federação Russa irá terminar os Jogos de Inverno de 2018, em uma discreta sétima posição com um total de 6 medalhas de ouro. Se for olhar pelo quadro total, a Rússia terminaria os Jogos em oitavo lugar na soma total com 21.

Aqui está uma análise pessoal das possíveis consequências desse banimento:
Pódio do torneio masculino de hóquei no gelo dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014

1    Torneio Masculino de Hóquei no Gelo
O torneio masculino de hóquei nos próximos Jogos Olímpicos de Inverno já é o primeiro sem a participação da NHL desde 1994, mas o banimento da Rússia poderia diminuir ainda mais o peso do torneio. A Kontinental Hockey League, com sede em Moscou, é amplamente considerada a segunda liga mais forte do mundo, e ameaça retirar todos os seus jogadores das Olimpíadas se a Rússia estiver banida. Segundo os analistas internacionais da modalidade, a Rússia está se posicionando como a grande favorita a medalha de ouro, já que ex-jogadores da NHL como Pavel Datsyuk e Ilya Kovalchuk, estão jogando agora na KHL.

Os EUA, o Canadá e outros países também estão planejando usar os seus jogadores da KHL, mas perdê-los pode ser mais um golpe em um torneio que está lutando para atrair o público (já que os horários dos jogos também serão prejudiciais em seus principais mercados).A Federação Internacional de Hóquei convocou “a participação de todos os atletas russos limpos”, afirmando que uma punição a Rússia colocaria em risco a “saúde” do esporte.


Gabriela Koukolavá e Martin Fourcade durante a premiação da Copa do Mundo de Biatlo de 2016/17©IBU


2   Reações
O banimento da Rússia também pode causar uma reação em cadeia contra os atletas que a consideram beneficiados.
A tcheca Gabriela Koukalová,um dos maiores nomes do biatlo da atualidade,pediu abertamente em seus perfils no Instagram e no Facebook,pediu na semana passada a punição da Rússia.Quase que imediatamente as páginas foram inundadas com insultos em inglês e russo.

Juntamente com as provocações,em quase que sua maioria de cunho machista,algumas sugeriram que Koukolová,que deverá herdar uma medalha de bronze em uma das provas de revezamento dos Jogos de 2014,não deveria competir novamente contra atletas russos.

A questão do doping russo também causou constrangimentos entre os atletas.
Durante o campeonato mundial de biatlo realizado em fevereiro deste ano, o atleta francês Martin Fourcade,que é o principal nome do esporte, se retirou do pódio em protesto ao resultando quando no momento em que um dos atletas da delegação russa,que estava retornando as competições depois de cumprir um período de suspensão por doping,teve o nome anunciado nos alto falantes e estava recebendo a sua medalha.


      O Retorno de Ahn
Uma das principais histórias de PyeongChang 2018,depende realmente da participação da delegação russa.Ahn Hyun-Soo,foi durante muitos anos uma das principais estrelas da patinação de velocidade em pista curta da Coreia do Sul,ganhando 3 medalhas de ouro em Turim 2006.Após desentendimentos com a federação de patinação do país e uma temporada catastrófica em 2009,quando não conseguiu se classificar para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010,ele decidiu mudar de nacionalidade,descontente com os critérios de seleção da Confederação Coreana decidiu mudar de nacionalidade e enfrentar um processo de classificação mais fácil.Ahn optou pela Rússia,em vistas de Sóchi 2014 e além disso como outra forma de protesto,optou por adotar um nome russo: Viktor.Por ter renunciado a nacionalidade sul-coreana,Ahn é visto como persona non-grata na Coreia do Sul e seu retorno ao país,usando outro uniforme é um dos momentos mais esperados dos Jogos.
Viktor Ahn em 2014 como russo Ahn Hyun-Soo,em Turim 2006,cidadão sul-coreano.


Oportunidades Nórdicas
Sem os russos, os eventos de esqui nórdico podem sofrer uma reviravolta histórica.
O esquiador de cross-country Sergei Ustyugov ganhou duas medalhas de ouro e três de prata nos campeonatos mundiais de fevereiro em uma rivalidade convincente com o norueguês Martin Johnsrud Sundby.Se ele estiver ausente de PyeongChang, isso abre claras oportunidades para os noruegueses, além de países como Finlândia, Itália e inacreditavelmente para o Canadá e os Estados Unidos que estão em constante crescimento no esporte e não ganham medalhas no mesmo a muitos anos.

A ausência do principal biatleta da Rússia, Anton Shipulin, aumentaria as chances dos times da França e da Alemanha,juntamente com os Estados Unidos.

      A queda de jovens estrelas.


Bicampeã mundial da prova: A russa Evgenia Medvedeva pode perder a sua primeira Olimpíada  ©Getty Images

 

    Um dos esportes mais esperados durante as Olimpíadas de Inverno,poderá ser o principal afetado pelo banimento do time russo,já que o país é uma potência histórica na modalidade e historicamente as participações russas são questionadas sempre por um"favorecimento dos juízes" aos atletas russos.Além do escândalo da compra da medalha de ouro na prova dos pares do esporte nos Jogos de Salt Lake City-2002.Quanto aos Jogos anteriores,não existem suspeitas relacionadas as titulares do time russo. Já que Evgenia Medvedeva,que é a atual bicampeã mundial do esporte e a sua companheira de equipe Alina Zagitova não competiram em Sóchi.Evgenia tinha 14 anos em fevereiro de 2014,enquanto que Alina tinha apenas 11.Além disso,do time russo de patinação artística somente, a atual campeã olímpica Adelina Sotinikova teve que enfrentar uma comissão do Comitê Olímpico Internacional e foi absolvida.

     Outras Opções
 O COI nunca antes impôs uma proibição geral a algum Comitê Olímpico Nacional relacionada ao doping e se recusou a fazê-lo para as Olimpíadas de verão do ano passado no Rio de Janeiro. Em vez disso, o COI aprovou a decisão feita de forma individual por parte de várias federações desportivas internacionais, resultando na expulsão das delegações russas de atletismo e levantamento de peso, nos Jogos. O time russo de atletismo só foi representado por uma atleta. Em outros esportes, a delegação russa pode competir normalmente com suas equipes completas.

No caso das Olimpíadas de Inverno, a situação é mais grave, principalmente por que as acusações recaem sobre as autoridades russas, que tinham a responsabilidade de estarem sediando a última Olimpíada de Inverno, no balneário de Sóchi em 2014 e podem ter ferido o princípio de neutralidade dos Jogos.

O COI já  desqualificou 25 russos que competiram em Sóchi.Mesmo que o time russo compita em PyeongChang.Estes  só poderão retornar aos Jogos,após a reversão das penas feita por meio de recursos na Corte Arbitral do Esporte (CAS)

Delegação dos Atletas Olímpicos Independentes durante a Parada das Nações na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Verão do ano passado no Rio.©Daily Telegraph
Além de uma proibição geral, o COI também pode forçar os russos a competir como neutros,o que deve ser a solução mais provável . Assim, eles perderiam o direito do uso de seu hino e seus símbolos nacionais durante os Jogos.

Na história dos Jogos, o status de atleta neutro foi usado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Verão de Barcelona-1992, quando atletas da então Iugoslávia, que estava sob sanção da ONU, durante a Guerra Civil do país, não puderam usar seus símbolos nacionais, nem o seu hino nacional durante as premiações, juntamente aos atletas da então Iugoslávia estavam os atletas da Macedônia, pelo fato de ainda estarem subordinados a Belgrado. Mais recentemente, tivemos no Rio,2 times de atletas neutros: um de atletas refugiados e outro de atletas do Kuwait, que eram oficialmente conhecidos como “Atletas Olímpicos Independentes", que foi consequência de uma interferência governamental no Comitê Olímpico Nacional do país.

Uma abordagem semelhante foi usada para o país durante o Campeonato Mundial de Atletismo deste ano em Londres, quando os atletas russos competiram como Atletas Neutros Autorizados.Um dos momentos mais constrangedores do evento foi quando a saltadora Mariya Kuchina após se tornar campeã mundial teve que escutar o hino da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

As autoridades russas se opõem ferozmente ao status neutro como uma humilhação simbólica, mas deixaram de dizer que boicotariam as Olimpíadas,caso acontecesse isso. Para muitos críticos da Rússia, suspender o uso de sua bandeira, não retira o status quo de sua delegação.