Da Folha Online
A Comunidade Britânica (Commonwealth) aceitou Ruanda, cuja a maioria da população fala francês, como seu 54° membro, na mais recente expansão do grupo que inclui diversas das ex-colônias britânicas, disse neste domingo um porta-voz. A decisão acontece no mesmo dia em que o país africano reata relações diplomáticas com a França, após três anos.
A decisão de permitir que o país, localizado no centro da África, fosse integrado ao grupo foi tomada por líderes da Comunidade Britânica, chefiada pela rainha Elizabeth, em um encontro em Trinidad e Tobago.
A Commonwealth é uma ssociação países independentes, estimula a cooperação nas áreas da economia e cultura entre os seus membros, que também disputam os Jogos da Commonwealth, a maior competição multiesportiva após as Olimpíadas.
Ruanda é o segundo país sem um passado colonial britânico a entrar para o grupo, depois de Moçambique, ex-colônia portuguesa. Os dois países possuem vários vizinhos que fazem parte da associação, e Ruanda adotou o inglês como terceira língua oficial, ao lado do francês e da língua nativa kinyarwanda.
O acesso de Ruanda à Comunidade já era esperado, apesar de objeções de alguns grupos de direitos humanos, que questionaram se o país possui os padrões de liberdade política e direitos humanos exigidos.
Ruanda está em processo de reconstrução de sua economia, após um genocídio em 1994 que matou cerca de 800 mil pessoas.
Em outro passo para o reconhecimento internacional, Ruanda e França restabeleceram relações diplomáticas neste domingo.
Kigali cortou relações diplomáticas com Paris em 2006 depois que um juiz francês acusou o presidente ruandês, Paul Kagame, e vários funcionários de envolvimento no assassinato do ex-presidente Juvenal Habyarimana, o estopim para o genocídio de 1994.
Claude Gueant, chefe de gabinete na Presidência francesa, reuniu-se com Kagame em Kigali, e ambos concordaram em retomar os laços, informou o governo francês em um comunicado.
Falando a jornalistas na capital de Ruanda, Gueant disse que o gabinete francês vai se reunir para nomear um novo embaixador francês em Ruanda nas próximas duas semanas.
"Após a eleição de Sarkozy, ele quis virar a página do passado", disse Gueant.
O ministro das Relações Exteriores francês, Bernard Kouchner, disse que a restauração dos laços foi o resultado de um "longo e paciente esforço" de Paris e Kigali.
"Estes dois países, que tiveram ao mesmo tento tantos mal-entendidos, uma cultura comum e esperanças comuns, vão retomar a sua marcha em solidariedade", disse Kouchner em comunicado. "O genocídio de 1994 permanecerá em nossas memórias. A França vai esquecer nenhuma de suas vítimas."
Antes da independência, em 1962, Ruanda esteve sob colonização alemã e, depois, belga. Como um país francófono, estreitou laços com a França durante a Presidência de François Mitterrand.
A França já foi acusada de apoiar o governo de Kigali, responsabilizado pela matança de 1994.
A chanceler de Ruanda, Rosemary Museminali, disse a repórteres neste domingo que a medida foi o início de um processo de normalização das relações.
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