quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Em enquete, Agnelo vence debate em que Weslian foi a "atração principal"

Enquete promovida pelo site do Correio Braziliense registrou 4,4 mil votos. Para mais da metade dos internautas, petista levou a melhor sobre os demais candidatos ao Palácio do Buriti. No dia seguinte ao encontro, o desempenho deles dominou as conversas pela cidade.

Assunto único na cidade. Nas rodas de bate-papo, nas redes sociais on-line, no cafezinho do trabalho, nos bares, em quase todos os cantos do Distrito Federal as pessoas comentaram o mesmo tema: o debate televisivo entre os candidatos ao Palácio do Buriti realizado na noite de terça-feira. A quatro dias das eleições, o encontro entre os quatro principais concorrentes ao governo local mobilizou a população, interessada em conhecer as propostas de cada um. Entretanto, a estreia conturbada de Weslian Roriz (PSC) foi o fato que mais chamou a atenção dos eleitores.

O Twitter concentrou na internet a maior parte das manifestações populares (leia comentários ao lado). Logo após o debate, a ex-primeira-dama chegou a liderar os trendings topics em nível mundial— lista dos termos mais comentados na rede social — e, durante toda a quarta-feira, permaneceu na quarta posição nacional. A mulher do ex-governador Joaquim Roriz (1) chegou a superar a cantora pop norte-americana Britney Spears, que participou de um episódio especial de Glee.

Além da candidata, participaram do debate da Rede Globo Agnelo Queiroz (PT), Toninho do PSol e Eduardo Brandão (PV). Mais acostumados ao ritmo dos programas, os homens evitaram confrontar a adversária. “Eu fiz questão de respeitá-la. É uma senhora”, disse Brandão. Segundo o cientista político David Fleischer, a estratégia de poupar a ex-primeira-dama refletiu o medo de uma reação negativa no telespectador. “Se atacassem demais, ela poderia acabar saindo como vítima. Mas ninguém precisou fazer isso, porque ela mesmo conseguiu se complicar”, afirmou.

O efeito mais temido pelos candidatos é de repetir o memorável debate realizado, em 1998, entre Cristovam Buarque (na época pelo PT) e Joaquim Roriz (então pelo PMDB). O petista buscava a reeleição e encontrou um “frágil e simples” oponente, que não conseguia se expressar direito e engasgava ao pronunciar palavras como “catástrofe”. Para muitos, Cristovam tripudiou do oponente e o episódio ajudou Roriz a virar o jogo e a conquistar a vitória nas urnas. Para o cientista político, o ex-governador não precisava expor a esposa. “Foi uma estratégia errada levá-la ao programa. Poderia ter evitado o vexame”, avaliou Fleischer.

Na maioria das respostas, Weslian preferiu não usar todo o tempo e chegou a desperdiçar mais de um minuto e meio ao encurtar um comentário. Em outro momento, em vez de responder a uma pergunta sobre transporte, feita por Agnelo, resolveu fazer um novo questionamento ao petista. A confusão atrapalhou a mediadora, a jornalista Cristina Serra, e os candidatos. Devido aos erros da estreante, o programa teve de ser readaptado nos últimos blocos. “Fiz o maior sacrifício para ir ao debate. Parecia que ia para a forca defender o meu marido”, comentou Weslian, ontem, em evento de campanha.

A candidata ainda se perdeu em meio aos papéis preparados pela assessoria e fez perguntas confusas aos outros candidatos. Em outro momento atrapalhado, ela chegou a dizer que pretendia “defender toda a corrupção” para, logo depois, se corrigir. “Lamentavelmente, tivemos a participação fora do tempo, que quebrou a linha de discussão dos outros debates”, avaliou Brandão. “Ela cumpriu seu papel como mulher, mas como candidata não consegue representar a coligação”, disse Toninho.

Embates
Temendo enfrentar a mulher de Roriz, os outros candidatos trocaram acusações entre si. Brandão e Toninho distribuíram farpas diante das câmeras. O representante do Partido Verde questionou o concorrente sobre a passagem dele no governo petista de Cristovam Buarque, entre 1995 e 1998, e um suposto uso da máquina pública para a contratação de petistas. “O Eduardo Brandão está desinformado”, disse Toninho, para depois lembrar que o adversário foi condenado por falência fraudulenta de uma empresa familiar. “O Toninho é o típico político que não aceita críticas, mas todos temos virtudes e defeitos. A gente acaba dando umas cotoveladas um no outro”, disse Brandão, na tarde de ontem.

Agnelo também enfrentou tentativas de saias justas Mas,se sobresaiu. Toninho questionou se o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) votaria no petista. “Quem quiser votar em mim, pode votar. Mas será um governo da ética e da transparência”, disse. Depois de outra confusão, Weslian declarou a fé católica e quis saber se Agnelo era a favor do aborto. “Sou médico, defendo a vida. Não adianta tentar fazer confusão de pessoas que usam o nome de Deus para fazer qualquer tipo de maracutaia nessa cidade”, rebateu o ex-ministro do Esporte.

Para os últimos debates, o candidato petista se preparou durante dois dias com a jornalista Olga Curado, especialista que também treinou Dilma Rousseff (PT). Ontem, ele criticou os adversários que utilizaram o espaço para fazer ataques em vez de discutir propostas. Ele disse que oponentes sem conteúdo preferem “inventar mentiras e difamações”. Apesar das alfinetadas recebidas, o petista afirmou que tratará a ex-primeira dama com cordialidade no debate de hoje. Na opinião de Agnelo, o que Roriz está fazendo com a mulher é uma maldade. “Ele está usando uma espécie de barriga de aluguel. Renunciou da Justiça e das urnas e agora coloca a mulher para o substituir em vez de buscar votos”, afirmou.

1 - Desistência
O ex-candidato do PSC desistiu de concorrer ao Palácio do Buriti após empate, no dia 23, do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a impugnação da própria candidatura. O ex-governador foi enquadrado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF com base na Lei da Ficha Limpa por ter renunciado ao mandato de senador para fugir de cassação. Sem a resposta do STF, Roriz decidiu lançar a mulher em seu lugar. Entretanto, a candidatura de Weslian sofre resistência do Ministério Público do DF e deverá passar, sábado, pelo crivo do TRE-DF.

Último confronto

Durante a campanha eleitoral, que teve início em julho deste ano, os candidatos ao governo do Distrito Federal já participaram de quatro debates televisivos. A quinta e última discussão está prevista para hoje, a partir das 11h30. Será organizado por uma emissora de televisão, no Setor de Rádio e TV Sul. Em todos os programas, os quatro principais aspirantes ao Palácio do Buriti estiveram presentes. No último deles, transmitido na noite desta terça-feira, o ex-candidato Joaquim Roriz (PSC) foi substituído por sua esposa, Weslian, também do mesmo partido.

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