domingo, 30 de maio de 2010

Mais um Eurovision se passou

A Armênia cantou sobre uma semente de damasco, a albânesa agradeceu a Jesus Cristo, e a Ucrânia sobre o seu passado nuclear. Mas,no final a vitória, no Eurovision Song Contest foi a da Alemanha como Lena Meyer-Landrut, "Isso é tão absolutamente incrível. Penso que isso não é real", disse ela no palco depois de ser entregue um troféu de cristal em forma de microfone na Telenor Arena de Oslo. "Eu sou uma freak"

Dada a popularidade da Eurovision é fácil entender o porquê de sua popularidade.
Imagine 120 milhões de espectadores parados por uma noite ao ano na Europa.
A competição européia de canto continua a ser o evento não-esportivo mais assistido do mundo ganhando do Oscar e da Miss Universo.Possui um culto por toda a Europa e fora dela e é transmitido ao vivo para outros lugares do Brasil a Nova Zelândia. Ele tem o poder de transformar zé-manés musicais em ídolos: os vencedores passados incluem ABBA, Celine Dion, Julio Iglesias. Uma coisa que estes nomes têm em comum: todos eles competiram décadas atrás. Críticos do Eurovision dizem que o evento tenha se desintegrado em um Chernobyl cultural, onde truques e o sex appeal anulam a capacidade musical. Há alguma verdade nisso. Este ano, a participante da Romênia que misturava ópera e pop, e às vezes a cantora soava como a Mariah Carey chupando gás hélio.Foi terceiro lugar. A sétima posição A Armênia cantou sobre a fruta nacional do país, dançando em torno de uma enorme, réplica de 100 libras da fruta e toda a apresentação foi desenvolvida em volta da fruta. E a França, que ficou na 12 ª posição,parecia um grupo de axé dos meados da década de 90 com as infames letras picantes : "Querida, você deve se levantar e mover o popozão ... Lala, que vai aquecer, eu sinto que a coisa vai subir."

O Eurovision se afastou de suas raízes como um tradicional show de talentos de outras maneiras também. A presença da Internet se tornou algo essêncial: Some-se um vídeo musical de grande orçamento no YouTube,interação constante com os fãs em redes sociais como o Twitter e o Facebook.A estratégia é a de não correr risco de ser esquecido durante a final.Isso foi o que o Azerbaijão colocou em prática esse ano.A cantora Safura Alizadeh,que ganhou a versão local do "American Idol" aos 17 anos, colocou anúncios em toda a Internet dizendo que uma vitória poderia "mudar o seu destino." . Ela também trabalhou com JaQuel Knight, coreográfo de Single Ladies da Beyoncé, e Rupert Wainwright, o diretor de Stigmata, para produzir um vídeo brilhante para sua entrada "Drip Drop".O investimento recorde de 1,6 milhões de euros,vindo de três patrocinadores do seu país e acusações de compra de votos dos júris. Ela e outros concorrentes também passaram os meses antecedentes ao Eurovision Eva Rivas, viajou para a Grécia e Chipre para plantar árvores de damasco. Como ela disse a um site de fãs da Eurovisão: "Quero voltar à minha pátria e ter a certeza de que todos estão sob a impressão do meu desempenho.

E enquanto o brilho de lantejoulas,o balançar de quadris e a cafonice muitas vezes chamam a audiência.Sempre se tem uma boa história,entre os participantes. Durante a segunda semi-final em 27 de maio,a banda lituana InCulto soprou kazoos, e arrancou suas calças para revelar shortinhos brilhantes a lá Serginho do BBB10 ( A Loka!).Mas seu ato tolo trasmitia uma mensagem séria: a música "o Funk da Europa Oriental" apelando uma maior integração da União Europeia, de que a Lituânia é uma parte, e zombavam da crença de que a fronteira da Europa termina a leste da fronteira com a Alemanha: "Sim Senhor , nós somos legais somos / Embora nós não são tão legais como você / Não, senhor, nós não somos iguais, não / Ainda que ambos são provenientes da UE "

Por seu lado, Lena deu a paixão um ritmo. Na vencedora Satellite", ela retrata uma mulher lutando para capturar a atenção do seu pretendente: "Fui em todos os lugares para você / Eu mesma fiz o meu cabelo para você /Comprei calcinhas azuis para você/ E eu usava apenas o outro dia.
No final da canção, ela há versos obscuros que sugerem que ela está resignada a viver sem ele, e ela se compara ao mais solitário dos viajantes: "Como um satélite, estou em órbita todo o caminho em torno de você / E ao cair da noite / Não é possível ir de um minuto sem o seu amor. "

Após sua vitória no Eurovision, é improvável que Lena vai lutar para ganhar a simpatia global.E assim,ela só poderá renovar a esperança que o Eurovision pode produzir estrelas da potência verdadeiramente global. Ela é certamente um começo bom. Depois de vencer concurso de selecção nacional da Alemanha, em março, "Satellite" se tornou a música mais baixada da história da Alemanha Lena se tornou o único artista alemão na história a ter três singles no Top 5 das paradas nacionais . "Incrível! Lena vira a cabeça para a Europa e ganha", comentou o jornal alemão Hamburger Abendblatt. Se ela não provar ser uma estrela global, ícone nacional terá de ser suficiente.

Neste ano foram 39 artistas, 39 músicas, 39 televisões estatais participantes de 39 países, dos nossos conhecidos Portugal,Espanha e França indo aos orientais : Azerbaijão,Géorgia e Armênia, que depositam toda sua esperança em um mundo melhor e literalmente, naquele artista que está no palco representando seu país. Além da esperança, algo muito maior está em jogo:a política e a auto-estima. O Eurovision Song Contest foi idealizado nos anos 50,se derivando do Festival de San Remo, na época de uma Europa ainda devastada pela Guerra.Até 1992 praticamente países da Europa Ocidental participavam (as execeções eram : Turquia,Iugoslávia e Israel que é asiático) e com a queda da Cortina de Ferro,o concurso foi expandido para o leste,primeiro para as ex-repúblicas iugoslavas,depois para as ex-repúblicas da URSS e a última grande expansão foi para o Caúcaso com a integração questionável de Armênia,Géorgia e Azerbaijão.Pegue uma Europa reconstruída e pulsante de um lado e uma Europa que ainda não se recuperou após 60 anos.

Para quem não conhece o Eurovision pode parecer que tudo é maravilindo. Mas... nem tudo são flores. Acusações de votos táticos, baseados na política da boa vizinhança e na sua grande diaspóra, e não no mérito das canções, assolam o festival há alguns anos,desde a sua segunda expansão para as antigas repúblicas da Ex-URSS em meados da década passada.Aonde,os jurados foram retirados e trocados pelo público que assistia. Por exemplo, é comum que Grécia e Chipre troquem notas máximas, enquanto muitos dos países do antigo bloco oriental dão notas altas para a Rússia.

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